Eu comecei na música muito criança. Os estudos de piano vieram aos quatro, os festivais de música começaram aos seis, shows em festas da família, aulas de canto e aquele amor imenso pela música dentro do coração. Com 10 anos, tive meu primeiro emprego formal como cantora: um contrato com a Rede Globo para apresentações semanais em um programa de auditório: o Gente Inocente. Uma das experiências mais intensas que já vivi com a arte. Com uma agenda apertada, cumpria o colégio ao lado de vôos para o Rio de Janeiro (morava em Curitiba na época), cronogramas de gravação, aprendia a cantar repertórios inusitados que foram de Edith Piaf a paródias de músicas da Jovem Guarda, dançava, atuava e cantava ao lado de grandes nomes da música brasileira como Ney Matogrosso, Caetano Veloso e Bibi Ferreira. Um sonho, né?!
O programa foi extinto de um dia para o outro e meus sonhos, quase foram junto. Mas fui em frente e, na adolescência, morando no Paraná, tive bandas, cantei em bares, shoppings e participei de projetos culturais. Cheguei a me formar em Relações Públicas pela UFPR e, apesar de começar a parecer distante o sonho de viver de música, resolvi dar mais uma chance a este universo. Fui de Curitiba para São Paulo, na época com 20 anos, para fazer mais algumas tentativas.
Cantar em casamento nunca foi um projeto para o qual eu realmente me organizei para começar. Acabou acontecendo como uma oportunidade para apresentações e eu não tinha muita pretensão de me dedicar exclusivamente para este nicho, mas foi mais ou menos “amor à primeira vista”: romântica, detalhista e sonhadora, me encantei por todo este universo e não consegui mais abandonar este projeto. Passei a me dedicar a ele em tempo integral, mesmo sem ter muitos resultados no início: algo me dizia que eu estava no caminho certo.
Na época, tentei vários contatos, visitei assessorias, corais, bandas, e acabei não tendo muito sucesso nas minhas investidas. Entendi que se eu quisesse tentar qualquer coisa, precisaria fazer o meu próprio caminho. “Seja tão bom que eles não vão poder te ignorar” foi a frase que tatuei nos meus pensamentos e comecei a trabalhar obstinada a fazer meu sonho realidade.
Fui conhecendo o mercado e buscando referências de atuação dentro do cenário do music business. Encontrei um mercado de música de casamento dominado por corais e orquestras, com propostas de trabalho muito parecidas e estilos um tanto quanto engessados e impessoais. A partir deste diagnóstico, pensei em oferecer formatos instrumentais diferentes, repertórios personalizados e uma apresentação mais autêntica, baseada no meu estilo de fazer música. Iniciei minhas divulgações de forma orgânica pois não tinha recursos para um investimento inicial. Sempre produzi muito conteúdo – meu blog sobre casamento foi a primeira coisa que eu fiz em 2010, e explorei todos os recursos gratuitos disponíveis. De lá pra cá, fui conquistando aos poucos meu espaço, me conhecendo cada vez mais como cantora e empreendedora e tendo a alegria de poder fazer música de um jeito mágico: cantando em um dia onde dá-se início a uma nova família.
Depois de 10 anos na estrada e sendo considerada pioneira neste ‘novo conceito’ de música popular dentro das cerimônias de casamento, senti que seria importante compartilhar os aprendizados como cantora e empreendedora com outros músicos atuantes na mesma área, de modo a contribuir para uma maior profissionalização e visibilidade deste trabalho que é feito com tanto apreço por mim e pelos colegas.
Tem sido incrível a experiência de me comunicar com colegas da área através @lorenzapozzacarreira e inclusive, ter a oportunidade de aprendermos juntos. Em março de 2021 eu lancei o meu primeiro produto digital voltado para este público: o curso “Marketing para Músicos de Casamento” recebeu mais de 70 inscrições e é um dos primeiros materiais destinados especificamente a músicos que trabalham no cenário casamenteiro.
Muito feliz com a caminhada e por ter a oportunidade de aprender todos os dias, a cada passo da jornada.
Foto: Flavia Valsani | Local: Fazenda Paraizo Itu | Cenografia: Filiz Flores | Móveis: Márcia Locações | Produção: Make a Move | Beleza: Rachel Ramos | Figurino: Julia Pak Atelier | Jóias: Mari Peres Brand | Vídeo: Renan Rosa | Direção de Arte: Elisa Zaia | Bolo: Petite Fabrique | Fotos: Amora Print | Papelaria: Estudio Pinus